sexta-feira, 10 de maio de 2013

Para onde vais com tanta pressa?

Mãe

http://www.youtube.com/watch?v=FqMqAuw25uE


Eternizar

Não somos eternos, mas, felizmente, há formas de eternizar o que fazemos.
Especialmente o que é bom, muito bom e ótimo.





Já pensou em um anúncio deste hoje em dia?


Não se incomode querida, você não queimou a cerveja!



Eu não quero ficar velho


Ele largou a agência da qual era sócio, cofundador e copresidente e, aos 47 anos, baseia seu futuro na decisão de fazer algo que não o faça se sentir “ultrapassado”. “Eu não quero ficar velho!”, brinca, mostrando uma imagem que ele colocou no Instagram, fiel à suas feições atuais, porém talentosamente envelhecida com as ferramentas que o fizeram um dos mais respeitados diretores de arte do mercado brasileiro. “No nosso negócio, a gente tem que se renovar o tempo todo, e eu estava me sentindo velho”, destacou durante sua apresentação no Fiap 2013, realizado de 29 de abril a 1º de maio em Miami.


“Quando você tem prêmios e reconhecimento da indústria, você se sente orgulhoso. Mas às vezes você precisa descer do salto. No Brasil, muitos publicitários são tratados - e até acreditam ser - como rockstars. Mas não podemos nos acomodar nunca. Temos que continuar sempre aprendendo”, aconselhou.

Baseada em conselhos à audiência - formada por representantes de agências e anunciantes do mercado ibero-americano -, a apresentação de Ray mostrou alguns dos pontos que o profissional pretende buscar em sua futura experiência profissional - ainda não definida. “Uma das coisas que eu aprendi é que quem cria, não deve negociar. O criativo sempre quer que seu trabalho apareça, seja aproveitado, o que torna o processo complicado. Por isso, uma dica: protejam seus criativos. É muito fácil matar uma boa ideia, e não devemos deixar acontecer. Além disso, não os deixe pensar pequeno. Lembrem-se que pensar pequeno dá o mesmo trabalho que pensar grande”.

Outra intenção de Ray é se manter próximo dos jovens – ainda ligada à ideia de não “envelhecer”, independentemente da idade. “Se manter jovem é se manter junto de pessoas jovens”, ressalta. Também chamou a atenção dos criativos presentes para terem mais foco – principalmente no caminho à frente. “Você não pode dirigir um carro olhando no retrovisor. Nós somos criativos. Faremos a indústria andar para frente”.

Após sua saída da BorghiErh/Lowe - hoje Borghi/Lowe, comandada por seu ex-sócio José Borghi –, Erh estudou desde novos modelos para abrir um novo negócio até propostas como a da DPZ de assumir como co-CEO de uma das mais emblemáticas agências brasileiras – agora sob controle do francês Publicis Groupe.

Ainda sem tomar nenhuma decisão sobre o futuro, ele garante que ela será baseada em algo que lhe gere felicidade e, principalmente, desafio. “Vendi minha agência porque comecei a não sentir medo de nada. Tudo andava muito bem, quase programado. Depois disso, comecei a ter que pensar no próximo passo. Isso é o que vou procurar daqui pra frente”, finalizou.

Fonte: propmark



Sem planejamento de comunicação
 de marketing não há 
caminhos para o futuro das marcas

João José Werzbitzki*



Planejar é criar caminhos para realizar nossos sonhos.  É fazer planos sobre o que queremos que se realize. É buscar realizar estes sonhos. É construir caminhos para o futuro.


É construir um mapa, que mostra onde estamos, onde queremos chegar e como chegaremos lá. Este caminho pode ser fácil, mas, na maioria das vezes, não é simples, como uma linha reta. O terreno que teremos que percorrer pode apresentar dificuldades, surpresas e derrotas. Somente com um amplo conhecimento da topografia do terreno - suas características - poderemos determinar o caminho mais eficiente para chegar onde queremos. Às vezes isso pode ser extremamente óbvio e simples - e é difícil perceber isso. Mas, na maioria das vezes não é fácil.

Por isso, o primeiro passo para desenvolver planos para o futuro é conhecer tudo que for possível sobre o presente e o passado. Para este DIAGNÓSTICO, precisamos saber, conhecer e descobrir tudo que pudermos sobre o nosso “produto”(seja ele um produto, empresa, serviço, pessoa, idéia ou causa). O que é, para que serve, como funciona, que vantagem competitiva possui, que diferencial tem em relação aos adversários, quem compra, como compra, quando compra, porque compra, quanto compra, como usa, para que usa, o que espera, que influencia ou pode influenciar, que fatores podem influenciar na decisão do consumidor(ou eleitor, ou partícipe), o que atrapalha, quais são os nossos pontos fortes e fracos, qual é o preço, como se pode comprar, facilidades de negociação, ações de comunicação e promoção do passado, histórico da marca, percepção atual da marca ou produto junto aos seus consumidores(sejam eles de consumo, de varejo, de atacado, ou industriais, ou políticos, ou ideológicos)…e assim por diante.

Todas as informações possíveis e imagináveis sobre o nosso produto devem ser reunidas e analisadas. Algumas serão muito úteis, outras um pouco, muitas descartáveis, mas é preciso conhecer o produto a fundo.

Evidentemente que este primeiro passo se complementa com as informações sobre o problema a ser resolvido com a comunicação de marketing. O que desejamos conquistar(share of mind, marketing share, imagem de marca, vendas). Quais são os objetivos do planejamento?

Quando se consegue definir claramente o problema  (onde estamos e onde queremos chegar) já temos 50% do caminho percorrido. O “como chegaremos lá” são os outros 50%.

Todavia, antes de definir o caminho, precisamos fazer todo o exercício de levantamento de informações e análise novamente, com os nossos principais concorrentes. Quem são eles, quais as suas forças e fraquezas, quais as suas vulnerabilidades, quais os seus pontos mais fortes e mais fracos, a comunicação deles, a percepção das suas marcas e benefícios pelos consumidores, suas forças de vendas, seus preços, facilidades, promoções, campanhas do passado, posicionamentos, embalagens, posições no mercado(nos pontos de venda, por exemplo), como o consumidor os compra, que motiva a preferência por eles, e assim por diante.

É fundamental que esta análise seja isenta - de emoções e de percepções do nosso cliente. Isto significa ir ao mercado (literalmente: tirar a bunda da cadeira e ir conversar com as pessoas, que compram este tipo de produto, para saber as suas percepções, opiniões, desejos, necessidades, interesses, angústias, expectativas, esperanças, sonhos, ambições, modo de vida, hábitos de mídia e outras informações fundamentais ao nosso trabalho de comunicação – pois, como sabemos, é mais fácil dizer para as pessoas o que elas querem ouvir, se sabemos o que elas esperam ouvir…e é muito, muito mais importante o que elas querem ouvir, do que aquilo que remos dizer!).

Evidentemente que o nosso diagnóstico tem como um dos capítulos mais importantes - e vitais - o pleno conhecimento do nosso público-alvo. E isso significa que muito mais do que um volume de habitantes, de que sexos, idades e classes sociais, precisamos conhecer os seus interesses e necessidades, aspirações e desejos, hábitos e costumes, expectativas e angústias. A guerra é pela mente dos consumidores! Só sabendo o que eles e elas pensam, com o que sonham, podemos atender as estas expectativas. Isso requer pesquisa, percepção, análise, bom senso, inteligência e extremo profissionalismo…o que a maioria dos publicitários não pratica.

Em seguida precisamos conhecer o mercado (área geográfica) onde iremos atuar com nossa comunicação, com a maior profundidade, assim como ter a informação básica de que meios/recursos dispomos para o nosso trabalho.

Pensar grande custa o mesmo que pensar pequeno - e é nossa obrigação pensar grande (caso contrário, não seríamos necessários). Devemos ser ambiciosos, ousados, criativos e pertinentes não só nas mensagens e meios de comunicação que utilizaremos, mas, também, pertinentes com os recursos da empresa que estarão disponíveis para a comunicação. Não dá para planejar com seriedade, sem saber que volume de dinheiro está disponível.

É como pegar um trem, que vai de Lisboa a Moscou, sem saber quanto dinheiro temos no bolso. É capaz que não dê nem para chegar a Madri…

A determinação do orçamento é - ou pelo menos deveria ser - sempre prévia e de responsabilidade do cliente. Caso contrário, ele (o cliente) poderá ser surpreendido com investimentos muito além das suas possibilidades (e isso acontece muito). Há diversas fórmulas para se estabelecer um orçamento para comunicação(anual ou por campanha): por percentual sobre o preço do produto, por share-of-market objetivado, por comparação com os investimentos da concorrência e - é claro - por chute (que é o que a maioria pratica com mais intensidade, no país do futebol).

De posse de todas as informações sobre PRODUTO, CONCORRÊNCIA, PÚBLICOS ALVO, MERCADO E MEIOS DISPONÍVEIS, devemos passar para a análise criteriosa e isenta do “terreno”, onde iremos traçar o nosso melhor caminho, para chegar onde objetivamos (vencendo a concorrência).

É chegada a hora de definir a nossa ESTRATÉGIA - lembrando de todos os instrumentos que possuímos para nos levar onde desejamos, de todas as possibilidades táticas existentes, das vulnerabilidades dos nossos adversários(e todo mundo as têm – inclusive nós mesmos), dos recursos de que dispomos e, principalmente, das expectativas dos nossos públicos alvo.

O que deveremos comunicar? Como deveremos fazer isso? Qual é ou qual deve ser o nosso posicionamento. Temos uma Unique Selling Proposition (Proposta Única de Vendas), a famosa USP? QUAL É O NOSSO DIFERENCIAL? O que fará que nos prefiram, em detrimento das marcas concorrentes? Qual é nossa vantagem competitiva? Nosso benefício, claro e cristalino?

Sabendo o que devemos dizer e o que os nossos alvos querem ouvir, precisamos definir nossa estratégia de comunicação. “Para conseguir isso, precisamos fazer isso, assim e assado”…mais ou menos isso. Se vamos atacar com todas as forças, se vamos nos fingir de mortos antes de atacar, se vamos atacar de surpresa, se vamos atacar pelos flancos, se vamos usar a guerrilha, se vamos utilizar guerra de preços ou benefícios agregados, se vamos usar promoções(como sorteios, brindes, compre 3 pague 2, entre outros), se vamos ser avassaladores na mídia ou no corpo a corpo…tudo isso é definição estratégica.

Dizem que uma boa estratégia é aquela que conseguimos definir em 10 linhas no máximo. Quem consegue isso, sabe o que quer.

O próximo passo está na explicação das táticas, requeridas pela proposta estratégica. É a construção de um grande organograma, de uma organização das forças, para que tudo aconteça da melhor forma possível, com a maior precisão, com a maior eficiência e o menor custo possível ( o que não significa abrir mão da qualidade, pois comunicação vagabunda ou idiota passa a imagem de produto vagabundo ou idiota).

Como uma partitura, que vai determinar quando cada instrumento deve ser utilizado numa orquestra, o planejamento permite dosar harmoniosamente os esforços a serem desenvolvidos, num determinado período de tempo (seja este o de uma campanha, ou um projeto mais ambicioso, de meses, ano ou anos).

Quem sabe onde quer chegar, pode chegar lá mais facilmente. Para quem não sabe onde quer chegar, muitos caminhos podem levar a lugares indesejados.

David Ogilvy dizia: “você pode comprar 2/3 de uma passagem para Paris…mas, certamente, nunca chegará lá!”. E complementava:”if you have to go, go first class” (se você tem que ir, vá de primeira classe). Akio Morita, o falecido grande criador e líder da Sony, disse: “é melhor ficar no menor quarto do melhor hotel da cidade, do que na suíte do pior hotel da cidade”.

Imagem de qualidade é muito importante. Lembre sempre: marketing é uma guerra de percepções. Se a percepção é pobre, o resultado é pobre.

Joãosinho Trinta, na sabedoria popular, disse um dia: “quem gosta de pobreza é intelectual, pois pobre gosta mesmo é de luxo e riqueza”. Todos ambicionamos o melhor. Ninguém ambiciona piorar.

Uma coisa importante: a comunicação pode e deve agregar valor à marca, sempre, em todas os contatos que realizar com seus clientes ou prospects. Por isso a orquestração da comunicação integrada de marketing é vital e deve ser sempre realizada com maestria. Veja o exemplo do McDonald’s: tudo é pensado para transmitir uma percepção de marca diferenciada - do estacionamento ao interior da loja, dos uniformes aos padrões de atendimento, dos cartazes promocionais aos painéis de produtos e preços, da publicidade às ações promocionais. Tudo foi pensado, criado e implantado para transmitir uma mensagem clara, de uma filosofia empresarial bem definida, numa linguagem coerente e única em todo o Mundo!

É nas definições de estratégias e táticas que se exige mais do pensamento criativo – não só na criação das peças de campanha, mas no plano de ação,  na mídia, na produção, na utilização dos mais diversos instrumentos que forem importantes para influenciar os nossos públicos-alvo.

A última - e não menos importante - parte do planejamento de comunicação está no Budget(o orçamento) - que deve ser apresentado somente depois de aprovada a proposta planejada. Nunca antes. E sempre em documento separado do planejamento(a primeira coisa que fazer é começar a ler pelas últimas páginas, para ver quanto vai custar). Aprovada a idéia, a aprovação do orçamento é bem mais fácil(ainda mais se estiver pertinente com as possibilidades declaradas do cliente em questão). Obter orçamentos ou recursos adicionais é possível, se o planejamento e a criação forem geniais, diferenciados e evidentemente geradores de bons resultados em vendas.

Finalizando, é bom lembrar sempre: o objetivo da comunicação é persuadir, para ampliar vendas e lucros. Não é para gerar polêmica(e mídia gratuita), não é para ganhar prêmios, não é para massagear egos inflados, não é para jogar dinheiro fora. Comunicação de marketing tem a obrigação de gerar vendas cada vez maiores e constantes. Pois é só com o lucro que as empresas prosperam…e ampliam seus investimentos em comunicação. Simples, lógico e real. Planejamento não é aquilo que a maioria das agências apresenta aos seus clientes, justificando apenas as suas sacadas criativas. Planejamento é a construção de caminhos para o futuro, de forma racional, profissional e séria. É o planejamento que deve embasar a criação – não o constrário. É o planejamento que define o que é importante, o que deve ser  dito e como deve ser dito. O resto é conversa para boi dormir…

João José Werzbitzki é publicitário e autor do livro 
PUBLICITAR: Uma nova Visão da Publicidade – Muito, muito mais do que criar e 
veicular anúncio, que acaba de ser lançado nacionalmente pela Qualitymark.



A Militância política 
- é falsa - 
e é paga
nas redes sociais




Experimente buscar pela hashtag #Agnelo_Queiroz no Twitter. Surgirão dezenas de mensagens de apoiadores do governador petista do Distrito Federal. Por que um gestor questionado por sua atuação pífia e por ligações com infratores tem tanta popularidade na internet? Já Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, sabe que não reuniria muitos apoiadores se convocasse um protesto a seu favor. Mas, na rede, a opinião parece mais equilibrada. Uma simples busca pelo nome do peemedebista em caixas de comentários deixará a impressão de que o senador possui um heterogêneo e extenso grupo de apoio.

Desde que voltou ao comando do Congresso, em fevereiro, o senador Renan Calheiros tenta refazer sua imagem. O esforço passa por uma estratégia de guerrilha virtual. Na última sexta-feira, por exemplo, um deles tentava neutralizar os impactos da notícia de que os garçons de Renan recebem 18 000 reais por mês do Senado: “Eu sou garçom e sei que é possível ganhar uma grana dessa! Bom é o Renan Calheiros, que reconhece isso!”. A ocupação de espaços destinados aos leitores em portais jornalísticos também é parte essencial da estratégia.

O gabinete de Renan tem um histórico de parceria com P&P Inteligência de Marketing, do publicitário Wilmar Soares Bandeira. Ele é ex-secretário de Comunicação do governo de Alagoas e trabalhou na campanha eleitoral de Renan em 2010. A empresa recebeu 244 000 reais desde novembro de 2010. Wilmar tem uma justificativa um tanto suspeita: diz que sai pela internet produzindo comentários em nome de Renan simplesmente porque gosta do senador. E por que usar nomes falsos? “Eu gosto de fazer comentários; e às vezes você até dá um nome qualquer”, tenta explicar. O empresário afirma que não presta serviços a Renan desde setembro.

Outra pista importante: o gabinete do deputado Renan Filho (PMDB-AL), herdeiro do presidente do Senado, costuma fazer pagamentos à empresa Iny Marketing, que atua exatamente na divulgação em redes sociais: apresenta-se em seu site como parceira da P&P e promete a seus clientes “Fidelização e engajamento de seguidores no Twitter”. Cícero Gomes, dono da empresa, é alagoano de Murici, a terra natal dos Calheiros. Ele interage com vários dos perfis falsos que apoiam Renan no Twitter. Mas jura que nada tem a ver com a farsa: “O que eu faço é um trabalho de monitoramento”.

O time de militantes virtuais de Renan também inclui integrantes do Sindicato dos Guardas Civils de Alagoas e funcionários nomeados pelo senador para seu gabinete. É o caso de Luciano Camelo, que havia sido empossado por ato secreto, acabou exonerado e retornou com o cargo de motorista. Também atuam Dmitriv Ivanov Wanderley de Barros, Eucene Gomes Tenório Acioli e José Valderi Melo, todos lotados no escritório de Alagoas.

Tanto o senador Renan Calheiros quanto o deputado Renan Filho negaram que patrocinam a militância dos perfis falsos na internet. “Eu posso assegurar que o Cícero apenas faz o monitoramento das redes. Ele não cria perfis falsos”, afirma o deputado, que também justifica as conversas com usuários forjados. “Todo mundo que fala comigo, que elogia algum projeto, eu retuíto. É lógico que isso ajuda o meu trabalho. Eu não tenho como saber se as pessoas existem ou não.”

Agnelo - Outro político enrolado que recorre a estratégias questionáveis é o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). O site de VEJA localizou cinquenta perfis falsos que funcionam apenas para divulgar o nome do governador no Twitter. A hashtag #Agnelo_Queiroz, usada pelos falsários, liga o nome do governador a notícias positivas e ajuda a reverter a imagem ruim do petista, alvo de várias denúncias de corrupção.

Ao contrário do que ocorre com os perfis ligados a Renan, a maior parte dos perfis fictícios de Agnelo funciona de forma automática, como se fossem robôs espalhando periodicamente notícias sobre o governador. Entre os alvos, estão os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e o ex-deputado Alberto Fraga (DEM).

Alguns perfis, no entanto, se comportam de forma mais elaborada. A principal personagem da turma é uma certa Lúcia Pacci, que se identifica como jornalista e socióloga e informa trabalhar em uma empresa que na verdade não existe. Ela mantém um blog em que, protegida pelo anonimato, faz ataques virulentos a adversários políticos e à imprensa. O deputado Fernando Francischini chegou a registrar boletins de ocorrência depois de sofrer ameaças. “Eles eram comandados por uma pessoa que fazia defesa do governo. Cada vez que eu tuitava alguma coisa, todos eles ao mesmo tempo respondiam com mentiras deslavadas”, diz o parlamentar.

A foto que Lúcia Pacci usa para se identificar na verdade é da atriz francesa Laurence Février. Procurando por Lúcia, a Justiça do Distrito Federal chegou a entregar uma intimação à jornalista Daniela Novais, que escreve para um site local. Ela disse ter ficado surpresa: “Não faço ideia de quem ela seja”, diz Daniela.

Um dos seguidores de Lúcia Pacci e de outros perfis falsos pró-Agnelo é o publicitário e marqueteiro político Sérgio Diniz Vieira, que trabalhou na campanha de Agnelo. Ele interage com os amigos inexistentes e compartilha conteúdo espalhado por eles. Diniz, que afirma não manter vínculo empresarial ou empregatício com o governo, é presença frequente em eventos de Agnelo Queiroz. A mulher dele, Rosa Sarkis, exibe em seu histórico profissional um trabalho com o fotógrafo Júnior Takamoto – o mesmo que a fictícia Lúcia Pacci apontou como seu antigo emprego. Além disso, o perfil da blogueira aponta São Carlos (SP), como terra natal. O site que Sérgio e Rosa mantêm é hospedado em uma empresa de… São Carlos. Sérgio diz que é tudo coincidência.

Tucanos – O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) trabalha para aumentar sua popularidade de olho na eleição presidencial do ano que vem. Com alguma frequência, a equipe de comunicação do PSDB nacional é incumbida de produzir materiais críticos ao governo Dilma Rousseff. O resultado do trabalho, entretanto, não é publicado em páginas oficiais do partido, nem nos perfis oficiais mantidos no Facebook e no Twitter: chega a uma rede de perfis que, nas redes sociais, podem confundir um observador desavisado. Mas, em bom português, são todos falsos.

Com objetivos diferentes, a militância virtual ganhou um exército de perfis forjados para ajudar na propagação da imagem que os políticos gostariam de alcançar. Eles buscam atingir diretamente o eleitorado ao mesmo tempo em que atacam os rivais: um resultado dificilmente conquistado não fossem as facilidades da internet. Esse serviço durante uma campanha eleitoral para deputado, por exemplo, sai por volta de 25 000 reais. No caso de governadores e presidentes, o valor é um pouco maior.

A prática existe desde que publicitários e marqueteiros perceberam o gigantesco potencial das redes sociais. Inicialmente, a mobilização espontânea de militantes demonstrou ser eficiente. O passo seguinte foi organizar apoiadores pagos para criar uma onda artificial na opinião pública. A prática de usar blogs e plataformas sociais para propaganda dissimulada tem até nome próprio: seeding marketing – o “seeding” vem do verbo em inglês “semear”.

O serviço prestado ao PSDB é sofisticado e inclui a criação de personagens virtuais que, apesar de existirem apenas na criativa imaginação de seus idealizadores, comportam-se como pessoas reais. O exército fictício de militantes mantém blogs e perfis nos sites Facebook, Twitter, Google+ e Youtube. Os perfis seguem um padrão: retratam pessoas jovens, de boa aparência e, claro, militantes de Aécio Neves. E, para atrair a confiança dos internautas, fazem comentários sobre esportes, cinema, variedades. Entre um post e outro, embutem um elogio ao senador ou uma crítica ao governo federal. Os publicitários acreditam que, dessa forma, podem conquistar o internauta.

O site de VEJA identificou alguns dos nomes por trás dos militantes falsos pró-Aécio. Um deles é Jorge Lopes Cançado, estudante de publicidade e diretor de Mobilização do PSDB Mineiro. Ele se identifica como “analista de redes sociais”. É o mesmo cargo de Guilherme Parreiras, que também trabalha na manutenção dos perfis fictícios. Ambos moram em Belo Horizonte e trabalham na Brasil Comunicação. Ambos negaram qualquer ligação com a guerrilha virtual de Aécio – apesar dos indícios.

A empresa funciona em um escritório na Savassi, região central de Belo Horizonte. O dono da companhia é Zuza Nacif, publicitário ligado ao secretário-geral do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG). Nacif é um nome já conhecido dentro do PSDB. Foi secretário de Comunicação de Lavras (MG) e atuou em campanhas de diversos tucanos, como a do atual governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia. Hoje, com a ala mineira da sigla em evidência, ele tem influência no comando da comunicação social do partido.

O trabalho não se limita às redes sociais. Os analistas também monitoram notícias sobre Aécio Neves e deixam comentários favoráveis ao senador tucano. Para facilitar o trabalho, publicam mensagens idênticas em outros sites jornalísticos, o que demonstra que o objetivo é espalhar a falsa opinião e buscar convencer os leitores. Mas, na saga de atingir o maior número de pessoas, os próprios autores acabam se denunciando.

No dia 4 de março, Augusto Teixeira, militante imaginário, escreveu um comentário em uma reportagem sobre o senador mineiro, cujo teor atacava “o populismo de Dilma no Nordeste”. Um comentário com expressões idênticas foi publicado no dia 3 de abril, dessa vez pelo publicitário Guilherme Parreiras. “Sou um muito simpatizante do Aécio e contra o PT. 

Sempre posto coisas relacionadas, leio muito sobre política e devo ter visto um comentário que achei bacana e copiei. Já fiz isso algumas vezes”, argumenta. Parreiras diz não se lembrar de onde conhece o militante-fantasma Augusto Teixeira, que também é seu amigo no Facebook.

A assessoria de comunicação do PSDB afirma desconhecer a comunidade virtual (e falsa) pró-Aécio e acrescenta que o serviço jamais foi solicitado. A Brasil Comunicação também nega que este seja o serviço prestado pela empresa ao partido – embora admita manter um contrato com os tucanos.

Imagem - A criação de um exército de apoiadores fictícios compensa porque, além de relativamente barata, não oferece grandes riscos aos parlamentares e governantes. “Esses políticos estão buscando minimizar ou equilibrar as dosagens de intenções negativas que possam existir nesses ambientes contra a sua reputação”, diz Alexandre Atheniense, advogado especializado em direito digital. O jurista afirma que a prática não é crime, já que não está relacionada a alguém que já existe. “Mas é condenável”, reforça.

O pesquisador especialista em marketing político da ESPM Victor Trujillo ressalta os prejuízos que a prática pode trazer. “O nome do jogo hoje é transparência, honestidade. Os eleitores estão muito sensíveis. Se o candidato é desonesto já com uma coisa simples, isso diz tudo para o eleitor”, afirma Trujillo. “Essa é uma ação obsoleta, que não funciona e os resultados são contraproducentes do objetivo que se quer alcançar. Gera um desgaste perante a opinião pública.”

Fonte: Veja | Sergio Lima/Folhapress e Breno Fortes e Charles Silva Duarte | O Tempo -AE|






Humor de Sexta-feira




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