sexta-feira, 19 de abril de 2013

Em frente ao coqueiro verde ...


Heineken Ignite: a garrafa interativa
heinekenignite-2

Heineken introduz garrafa que interage uma com a outra, com o ambiente e com as pessoas ao redor.

Na Semana de Design de Milão deste ano, que está rolando esta semana, Heineken introduziu a “cerveja inteligente”, uma garrafa que interage com as outras, com o ambiente e com as pessoas ao redor.

O projeto, chamado Heineken Ignite, é resultado de investimento da marca em pesquisa por tecnologia e design pioneiros para criar novas formas de experimentar o produto e a marca.

A garrafa interativa usa microsensores e tecnologia wifi para detectar quando as pessoas estão batendo as garrafas umas nas outras, brindando. Ela também reage quando uma pessoa toma um gole, respondendo à música ambiente.

Com a ajuda de LEDs, microprocessadores e acelerômetros, esses movimentos fazem com que as luzes da garrafa se acendam e pisquem.

http://www.youtube.com/watch?v=Di-WoZo9Duc

Fonte: Brainstorm9



Até a deusa Globo cria
diretoria de
planejamento e gestão




O diretor geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroder, anunciou algumas mudanças na gestão da empresa. Para melhor administrar as diferentes atividades foi criada a Direção de Planejamento e Gestão, sob a qual ficarão as áreas de Recursos Humanos, Infra-estrutura, Patrimônio e Engenharia.

A reestruturação das áreas começou a ser pensada quando o responsável pelos departamentos, Érico Magalhães, anunciou que deixaria a empresa assim que a transição de comando de Octávio Florisbal para Schroder fosse concluída. Com a saída do profissional houve a opção de criar uma nova diretoria, que abrigará a CGIAP - área que, até então, era comandada por Tom Flórido, que também deixa a Globo.

A diretora da área de Direção de Planejamento e Gestão será Rossana Fontenele, que possui mais de 15 anos de experiência na casa, tendo ocupado as funções de diretora da Globocabo e também de CEO da Sky.

Já a área de Recursos Humanos ficará sob responsabilidade de Vanessa Pina, que atuava na Sul América Seguros e também já teve passagens por Souza Cruz e Johnson & Johnson antes de chegar à TV Globo. A área de Engenharia da Globo continua sendo comandada pelo executivo Fernando Bittencourt.

No comunicado, Schroder informa as mudanças e agradece aos serviços prestados pelos profissionais que irão deixar a casa, ressaltando que eles terão a missão de realizar a transição de suas funções para as novas executivas.


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O futuro dos nossos jornais


Apesar da nuvem negra que paira sobre grande parte da mídia impressa, algumas empresas de comunicação têm conseguido reinventar seus negócios com soluções criativas, muitas vezes amparadas em tecnologia, outras a partir de simples transformações. São os casos dos jornais This Land, Tokyo Shinbum e Winnipeg Free Press.

Veja a seguir vídeos sobre os projetos desses três veículos. O americano This Land, da cidade de Tulsa, Oklahoma, voltou-se para as histórias da comunidade, de seus personagens e sutilezas. Além do impresso semanal, o veículo tem forte produção multimídia e, no caso dos curtas-documentários, são capitaneados por diretores de cinema profissionais e transmitidos na TV local. O filme a seguir mostra partes da primeira temporada do programa e resume seu espírito jornalístico. Já o vídeo do Tokyo Shimbun mostra o aplicativo de realidade aumentada para iPhone que cria animações e outras interatividades, tornando o jornal também atraente para as crianças. Por fim, o Winnipeg Free Press possui um café cujo o lema é “comida, bebida e debate” e funciona como um ponto de encontro real entre os leitores e a redação – o curta a seguir, publicado em março de 2012, faz um saldo de seu primeiro ano de funcionamento.

Mais abaixo, veja um infográfico com outros cases interessantes mundo afora. A íntegra desta matéria, com entrevistas e detalhamento de cada um desses jornais, está na edição 1555, de 15 de abril, exclusivamente para assinantes, disponível nas versões impressa e para tablets do Meio & Mensagem.

+This Land, de Tulsa, Estados Unidos


+Tokyo Shinbum, de Tóquio, Japão

+Winnipeg Free Press, de Winnipeg, Canadá


Fonte: Meio e Mensagem

Brasileiros passam 
20 horas em média 
na frente da TV por semana


O consumo de TV em diferentes telas de dispositivos eletrônicos tornou-se uma realidade brasileira.  Dados da quarta edição do Barômetro de Engajamento de Mídia, estudo global conduzido pela Motorola Mobility, revelam que o País hoje figura entre os três que mais assistem TV no mundo, com uma média de 20 horas, atrás apenas dos Estados Unidos (23 horas), o líder na categoria. Empatados em segundo lugar, estão Índia, China, Malásia e Turquia, com 22 horas cada um.

Segundo o estudo, os consumidores em todo o mundo assistem a uma média de 25 horas de programação de TV por semana. A visualização de filmes subiu de cinco para seis horas e o ato de assistir TV aumentou de dez horas em 2011 para 19 horas em 2012. Realizado anualmente pela empresa, a pesquisa analisa de perto as tendências novas e emergentes de conteúdo, tais como hábitos e comportamentos de gravação, que estão mudando drasticamente a forma como o público consome vídeo.

Nesta quarta edição, foram questionados 9,5 mil consumidores, de 17 mercados, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Países Nórdicos, Rússia, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Argentina, México, Austrália, Malásia, Japão, Coreia, China e Índia.

No mundo, quase um terço (29%) do conteúdo visualizado na TV é gravado pelos consumidores. Em contrapartida, o mesmo percentual  (29%) deixa o conteúdo esquecido, sem nunca assistí-lo depois. Outro ponto observado é que a sala de estar continua a ser o epicentro da experiência de conteúdo. O que mudou é que a visualização agora também pode ser feita com mobilidade por meio de diversos dispositivos (smartphones, tablets e notebooks), a chamada “casa de multitelas”.

Entre os cômodos mais utilizados para assistir a esse conteúdo, está o quarto. No Brasil, essa prática é feita em tablets por 69% dos entrevistados, enquanto 63% assistem a vídeos em smartphones. O país é um dos que têm o maior índice nesse quesito, perdendo apenas para o México (78% em tablets e 76% em smartphones), Coreia (70% em tablets e 69% em smartphones) e China (75% em tablets e 67% em smartphones).

De acordo com o Barômetro, a convergência multitelas já é adotada por 62% dos entrevistados no Brasil, que assistem conteúdo em tablets, smartphones ou desktops. O conteúdo mais acessado, por 43% dos brasileiros, são os filmes. Em segundo lugar, estão as notícias, com 36% dos entrevistados, seguidas pelas novelas, com 34%.

No  Japão, conhecido por consumir tecnologia de ponta, o consumo em dispositivos de conteúdo em várias telas fica em 33%. Já outros países da América Latina, como Argentina e México, têm percentual próximos ao do Brasil: 58% e 60%, respectivamente.

Outro dado de destaque, na comparação de 2011 com 2012, o país aumentou o consumo médio de vídeos em tablets, smartphones e laptops fora de casa de 34% para 43%. O país está acima da média global de 2012, de 38%, à frente de países como os Estados Unidos, que diminuíram o interesse: de 31% (2011) para 28% (2012); e do Japão, que aumentou, de 20% em 2011 para 23% em 2012.

O estudo reforça a questão de que as redes sociais mudaram a experiência de ver televisão. O levantamento mostra que há um potencial para usar a mídia social para aprofundar ainda mais a interação entre os públicos, já que 78% estariam interessados em associar seu perfil de rede social a um serviço de TV para compartilhar o que estão assistindo e aumentar a discussão sobre a programação em tempo real.

Outra curiosidade é que a Argentina (34%), Brasil (33%), México (37%) e China (37%) estão os mais interessados em serviços de gerenciamento remoto da residência, como monitoramento de invasão, iluminação e aquecimento, por meio de smartphone, tablet, PC ou laptop.

Fonte: Adnews

TIC na Educação: 
O acesso vem avançando. 
E a aprendizagem?

Ana Lúcia*


Este não é um artigo acadêmico. É um artigo de opinião. Opinião de quem tem tido o privilégio de acompanhar, a partir de diferentes perspectivas, os esforços, os avanços e as frustrações de inúmeros segmentos da sociedade brasileira, finalmente consciente da necessidade de assegurar a obtenção de melhores resultados na educação de nossas crianças, adolescentes, jovens e – por que não? – adultos. Estes últimos ainda mais afetados por décadas de insuficiências que colocaram o Brasil, pelo menos até o início da década de 1990, numa das últimas posições no continente latino-americano em quase todos os indicadores educacionais.

E por que “posição privilegiada”? Antes de mais nada, no sentido mais corriqueiro da palavra: o de ter tido oportunidades que a maioria das pessoas não teve… Estudar em bons colégios, entrar na faculdade escolhida, aprender línguas estrangeiras, fazer intercâmbio na adolescência, estudar fora do país e, principalmente, crescer em um ambiente culto e estimulante, que valorizava o aprender, que desafiava permanentemente minha capacidade de entender o mundo e que tinha a possibilidade de proporcionar-me acesso a quase tudo que aguçasse minha curiosidade, meu interesse. E privilegiada hoje em dia, por ter a oportunidade de participar direta e indiretamente de iniciativas, organizações e parcerias que, embora com diferentes concepções, prioridades e agendas, estão buscando contribuir para transformar radicalmente a realidade da educação brasileira. Refiro-me especialmente ao sistema público, que tem o desafio de coordenar o processo de ensino e aprendizagem de 85% dos cerca de 52 milhões de estudantes e 2 milhões de professores das quase 70 mil escolas de Educação Básica do país.

Nesse contexto de grandes números, enormes distâncias e gigantescos desafios, parece indiscutível a potencial contribuição das tecnologias de informação e comunicação (TIC) para as escolas públicas: democratizar o acesso para alunos e professores tanto a ferramentas quanto a conteúdos educacionais de qualidade; inovar na linguagem e nas práticas de ensino, tornando a escola mais atraente à nova geração e mais relevante na sua formação; proporcionar a conectividade entre alunos, professores, escolas, redes de ensino e outras instituições, ampliando horizontes de aprendizagem e viabilizando a produção coletiva de conhecimento; introduzir novas práticas de gestão e avaliação dos processos escolares. Esses são apenas alguns dos benefícios possibilitados pela adoção das TIC na educação. E a custos infinitamente menores do que qualquer outra alternativa que pudesse proporcionar semelhante resultado.

Esse conjunto de argumentos parece tão óbvio que corre-se o risco de promover políticas e programas educacionais que visam a adoção das TIC na educação sem uma definição clara de seus objetivos. Como consequência, sem assegurar que eles sejam compreendidos ou compartilhados pelos educadores e sem garantir as condições adequadas para que os resultados se concretizem de fato.

Ignorar as condições objetivas do contexto também não ajuda. Além da infraestrutura inadequada em um grande número de escolas, aponta-se para a insuficiente formação do corpo docente, relacionada, entre outros fatores, à baixa atratividade da carreira, às difíceis condições de trabalho, à estrutura e qualidade dos cursos de formação inicial e à pouca valorização de seu ofício pela sociedade brasileira. Tampouco é irrelevante a defasagem de aprendizagem dos estudantes, uma consequência inevitável do perverso percurso de desigualdades de oportunidades sociais, econômicas e educacionais com as quais convivemos, como se naturais fossem, desde o inicio de nossa constituição como nação.

Mas se de um lado tal contexto não pode ser ignorado, de outro não deve inibir uma estratégia de implementação das TIC na educação, já que essas tecnologias podem converter-se, por si só e como veículo para outras ações e politicas educacionais, em oportunidades extraordinárias para acelerar a reversão do quadro que acabamos de descrever.

Embora não tenham sido identificadas inequívocas evidências de que o crescente acesso às TIC nas escolas brasileiras esteja trazendo a contribuição que se poderia esperar, não restam dúvidas do potencial dessas tecnologias para cumprir, com excepcional propriedade, um papel determinante no contexto das escolas públicas de ensino básico, especialmente sobre quatro dimensões:

1) Democratização do acesso às tecnologias de informação e comunicaçãoA introdução das tecnologias de comunicação e informação na escola pública universaliza seu acesso. Este é, por si só, um resultado importante já que, se não for na escola, muitos estudantes não terão outras oportunidades de contato com os equipamentos e conteúdos por ela oferecidos.

Pelos dados da TIC Educação 2010, todas as escolas situadas na zona urbana têm pelo menos um computador – em média 23 equipamentos por unidade escolar e cerca de 35 alunos por computador. Mais de 80% delas têm acesso à Internet e destas, 87% com banda larga.

São enormes avanços, não apenas pela quantidade mas pela preocupação com a equidade: essa universalização não se daria sem que houvesse um foco determinado e determinante para fazer chegar equipamentos e conexões às escolas menos estruturadas, normalmente aquelas em que estão os estudantes em condições mais fragilizadas. Sem esses equipamentos, todos os demais aspectos, que ainda representam desafios importantes, não estariam nem em condição de serem discutidos.

Mas é necessário evitar que a ampla presença de computadores ou mesmo de Internet nas escolas gere a ilusão de que o direito de acesso aos estudantes estaria assegurado. De qual “acesso” estamos falando? Onde são disponibilizados esses equipamentos? Apenas no laboratório de Informática? Quem tem acesso a eles e de que maneira? Os alunos podem utilizar o equipamento apenas no horário da aula de Informática? Apenas em seu turno escolar? Quais as restrições ao uso da Internet? Quem as define e com quais critérios? Os equipamentos funcionam? Seus sistemas estão atualizados? É possível conectar um computador à Internet dentro da sala de aula? Quais, enfim, as condições de acesso e de que maneira essas condições asseguram a oportunidade de os alunos terem, de fato, uma experiência relevante no contato com as TIC?

Apesar dos avanços, os resultados da TIC Educação 2010 traçam um cenário ainda insuficiente para assegurar pelo menos o contato de seus alunos às tecnologias de informação e comunicação: segundo os professores entrevistados, em 24% das escolas não há computadores disponíveis para os estudantes e em 32% não é possível que eles tenham acesso à Internet.

Os dados do estudo ainda mostraram que enquanto 88% das escolas têm computador nos espaços da coordenação e 81% nos laboratórios de informática, apenas 38% delas disponibiliza esse acesso na biblioteca e somente 4% na sala de aula. Em 16% das escolas, os locais mais frequentemente utilizados para atividades pedagógicas com os alunos utilizando as TIC são a sala dos professores e a secretaria da escola.

Um número insuficiente de computadores, a falta de suporte técnico, os equipamentos obsoletos e a baixa velocidade na conexão à Internet são identificados como limitantes para um uso efetivo das TIC por mais de dois terços das escolas abordadas pelo estudo.

2) Inovação nas linguagens e práticas de ensino
Um dos principais objetivos da introdução das TIC na educação - em especial nas escolas da rede pública - é o de disponibilizar conteúdos de qualidade, apoiados em uma linguagem dinâmica e interativa, que inovam as práticas de ensino e favorecem a aprendizagem dos alunos.

Os dados da TIC Educação 2010 mostraram que as tecnologias de informação e comunicação já estão presentes no cotidiano de boa parte dos alunos: segundo os professores, os estudantes utilizam esses recursos em mais de 40% das pesquisas escolares, nos trabalhos por projeto e em grupo. Quando, no entanto, a atividade está mais centrada no próprio professor, como no caso das aulas expositivas, exercícios para fixação dos conteúdos e leitura e interpretação de textos, a incidência do uso das TIC não chega a 25% das oportunidades de ensinar.

Embora a metade dos professores tenha feito cursos específicos para o uso do computador e da Internet, não contam com um acompanhamento que permita o aprimoramento de sua prática. Quando necessita de apoio no uso das TIC, o professor recorre principalmente a colegas e a leituras individuais, seguidos pelo coordenador pedagógico e pelo diretor da escola.

Adicionalmente, dois terços dos professores reconhecem que os alunos dominam melhor do que eles as tecnologias de comunicação e informação – e um terço deles chega a expressar desconfiança e preocupações com a sobrecarga de informação que afeta os alunos no contato com as TIC.

Apesar dos investimentos voltados ao desenvolvimento de conteúdos e à implementação de programas de capacitação em serviço dos docentes para o uso das tecnologias de informação e comunicação em seu trabalho pedagógico, os dados da TIC Educação 2010 mostraram que os resultados desses esforços eram ainda pouco efetivos. A formação inicial dos professores mais jovens também não parece explorar suficientemente a aplicação dessas ferramentas nas práticas pedagógicas.

É evidente, portanto, a necessidade de investimentos na formação dos docentes para que possam fazer uso de toda a potencialidade gerada pela introdução das TIC nas escolas. Mas como a pesquisa TIC Educação evidencia, não se trata de um único programa de formação, dada a diversidade de níveis de domínio e envolvimento dos professores nessas tecnologias.

Um estudo realizado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, em 2010, permitiu identificar três grupos distintos dentre os professores:

Um primeiro grupo utiliza computadores e Internet com frequência, tanto em seu dia a dia pessoal quanto no espaço escolar, e se vale desses recursos na comunicação com alunos, colegas e gestores. Os docentes com esse perfil entendem que as TIC democratizam o acesso à informação e estimulam a participação dos cidadãos. Entendem ainda que, quando aplicadas à educação, essas tecnologias promovem mudanças no papel do professor em relação aos alunos, melhorando seu relacionamento. Consideram notebooks e computadores os recursos que mais fazem falta na escola para apoiar o trabalho junto aos alunos. Quanto às necessidades de aprimoramento em seu trabalho, esse grupo demanda uma formação voltada para a gestão escolar e da sala de aula, que permita otimizar a alocação do tempo e a efetividade de suas práticas.

Um segundo grupo de docentes também utiliza frequentemente a Internet nas atividades tanto profissionais quanto na vida pessoal, mas considera que ainda possui algumas dificuldades para aproveitar totalmente seu potencial. Quando a utiliza no contexto escolar, o faz principalmente para elaborar testes, provas, exercícios – e menos para interagir com os alunos. Esses professores acreditam que o aluno se interessa mais em aprender quando se usam tecnologias na escola e que, em muitos casos, a escola é a única possibilidade de acesso às novas tecnologias. Incentivam seus alunos para irem ao laboratório de Informática e realizar atividades escolares ou pessoais (bate-papo, jogos, etc.). Para esse grupo, a demanda por oportunidades de formação está focada na integração de tecnologias na sala de aula, juntamente com ações de formação sobre práticas de ensino e alfabetização.

Há ainda um terceiro grupo, formado por aqueles que utilizam pouco a Internet, tanto na vida pessoal quanto na profissional: dizem que não gostam, não têm interesse, têm pouca prática ou não vêem necessidade. Quando a utilizam na escola, costumam comunicar-se com pais e alunos ou para elaborar testes, provas e exercícios. Tendem a concordar, em maior proporção do que os demais grupos, que que a Internet é apenas um modismo, que a tecnologia na sala de aula é somente mais uma ferramenta de ensino – como o livro-texto, o quadro negro, etc. Pensando no uso da tecnologia na escola, consideram TV, DVD, rádio, aparelho de som, câmera digital e projetor como principais equipamentos de apoio junto aos alunos, deixando em segundo plano computadores e notebooks. Os professores pertencentes a esse grupo sentem-se pouco preparados para adotar a tecnologia em sala de aula e demandam capacitação no uso de programas e da Internet, além de formação sobre os conteúdos específicos das disciplinas que lecionam.

Os programas de formação precisam ser desenhados levando em conta os diferentes níveis de incorporação do uso das TIC pelos professores assim como suas distintas visões sobre a relevância dessas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem. Uma formação diferenciada possibilitará avanços concretos na adoção de novos métodos de ensino e assegurará o acesso a conteúdos mais dinâmicos e estimulantes para os alunos.

3) Conectividade entre atores educacionais

“Outra contribuição fundamental das TIC na educação é a possibilidade de interação tanto dos professores quanto dos alunos com outras instituições, ampliando os espaços de ensino-aprendizagem e viabilizando processos colaborativos de estudo e de produção de conhecimento.”

Nesse sentido, importantes investimentos foram feitos tanto pelas redes públicas como pelos sistemas privados de ensino, editoras, fundações e outras organizações da sociedade civil. A intenção é produzir e disponibilizar conteúdos, planos de aula, apoio audiovisual e outros recursos que permitam ao professor elaborar, com uma riqueza inimaginável há menos de uma década, aulas e percursos de ensino muito mais específicos para o perfil de seus alunos, agregando sentido aos conteúdos disciplinares previstos no currículo escolar.

Esses recursos já vêm sendo utilizados com razoável frequência na preparação das atividades para a sala de aula: pelo menos uma vez por semana, 67% dos professores entrevistados na TIC Educação 2010 prepararam aula com apoio de conteúdos encontrados na Internet, 59% utilizaram exercícios, 47% acessaram sugestões de planos de aula. Mais de um quarto dos professores faz, semanalmente, download de textos e de material audiovisual.

Tais espaços virtuais, oferecem diferentes instâncias de interação entre docentes, por vezes entre os próprios estudantes, para interagir com outras escolas, instituições de ensino superior, empresas, bibliotecas, órgãos da administração pública e organizações da sociedade civil, que podem enriquecer o conhecimento a partir de múltiplas fontes de informação e contextos.

O uso das TIC na dimensão das interações pessoais, profissionais e sociais está incluído no monitoramento do estudo TIC Educação, ainda que, de acordo com os professores entrevistados na edição 2010, essa dimensão fosse incipiente: dentre os professores, apenas 38% usava o e-mail para se comunicar com colegas da escola, 14% participava de grupos de discussão com outros docentes, e 3% mantinha contato com outras escolas. Pouco mais de um terço (36%) das escolas tinha uma página própria na Internet.

Quanto aos alunos, são inúmeras, mas ainda pouco presentes, as oportunidades de aprendizagem oferecidas pelas TIC: além da tradicional pesquisa de conteúdos específicos (que, como se sabe, muitas vezes não passa de um mero “corta e cola”), pouco aparece a realização de atividades colaborativas para a aprendizagem, em espaços e tempos praticamente ilimitados que o ambiente virtual permitiria.

Em parte, a rotina escolar, o pouco tempo disponível para atividades extra-classe e a organização curricular por disciplinas não favorecem a interação entre os professores, nem mesmo dentro de uma mesma unidade escolar. As ações e políticas que promovem a inclusão das TIC na educação devem buscar influir em estratégias que assegurem oportunidade de intercâmbio de conhecimento sobre a prática e sobre novas abordagens metodológicas, para que essa implantação cumpra com os objetivos propostos e concretize o alto potencial transformador que essas tecnologias trazem ao espaço escolar.

4) Introdução de novas práticas de gestão e avaliação

As tecnologias de informação e comunicação podem agregar muito à gestão educacional, tanto no âmbito das redes quanto nas próprias escolas, viabilizando o planejamento e o monitoramento das ações pedagógicas, da aprendizagem dos aluno e da alocação de recursos, agregando agilidade e transparência ao processo de gestão.

Também na gestão são várias as instâncias em que as TIC podem assumir um papel relevante. Para a gestão escolar, um bom nível de familiaridade com as tecnologias de informação e de comunicação pode ajudar na elaboração, no desenvolvimento e no monitoramento do projeto pedagógico - além, evidentemente, de facilitar na administração de recursos e na comunicação entre gestores e pais, bem como com as instâncias administrativas da rede de ensino. Não faltam sistemas e soluções digitais oferecidas às escolas com essa finalidade, assim como cursos de capacitação para seu uso. Resta saber se eles atendem efetivamente às demandas específicas e tão diversificadas das escolas que os recebem.

Mas é sob a ótica dos gestores das políticas públicas nos três níveis de governo que a capilaridade de acesso a baixo custo assegurada pelas TIC pode ter um papel ainda mais relevante, na coleta dinâmica de informações sobre o fluxo de matrículas e as movimentações dos estudantes e professores e sobre as atividades realizadas na escola e no desempenho dos alunos. O desafio passa a ser o de assegurar que essas informações sejam adequadamente reportadas pelas escolas e, principalmente, eficazmente utilizadas no planejamento e na gestão das redes de ensino.

Para finalizar, outra potencialidade do uso das TIC na educação ainda não suficientemente consolidado é a possibilidade de, por meio delas, assegurar a toda a sociedade civil o acesso ágil e transparente aos custos, processos, programas e políticas públicas.

Em conclusão, são muitas e potentes as razões para usar as tecnologias de informação e comunicação nas escolas. Grande parte delas, por distintas razões, ainda são exploradas de maneira apenas incipiente. Não enfrentar essas limitantes na definição das políticas educacionais e nos programas voltados para a inclusão das TIC nas escolas é destiná-las à irrelevância, quando não ao fracasso. Iniciativas que não levem em conta a diversidade de contextos que caracteriza a realidade das escolas, dos professores e dos alunos que aí estão é uma perigosa armadilha para que, mais uma vez, se perca uma oportunidade ímpar para provocar uma verdadeira transformação no cenário educacional brasileiro. Uma transformação capaz de garantir não apenas a democratização do acesso às tecnologias ou os avanços no aprendizado dos estudantes mas, principalmente, a ressignificação do papel da escola como um ambiente capaz de garantir as condições para o desenvolvimento de sujeitos autônomos, habilitados a buscar seu crescimento pessoal e a participar da construção de uma sociedade mais informada, consciente e conectada com os desafios do século 21.

A pesquisa TIC Educação, ao consultar a opinião de professores, coordenadores pedagógicos, diretores e alunos de escolas representativas das redes municipais e estaduais de todo o Brasil, tem o compromisso de dar voz a esses atores - e, em especial, aos professores –, reconhecendo que suas visões são relevantes para a adequada compreensão, avaliação e fortalecimento das iniciativas e políticas que procuram, por meio da criação de condições de infraestrutura, capacitação, produção e disponibilização de conteúdos e do aprimoramento da gestão, promover os tão almejados avanços na educação brasileira.

Poder contribuir, ecoando suas vozes nesta publicação, é mais um privilégio. Do qual espero ter feito um uso à altura de sua relevância.

*Ana Lúcia é economista e diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro - entidade sem fins lucrativos, a qual atua em projetos na área de educação e mobilização comunitária. Responsável pela concepção e disseminação de seus programas, atuando ainda em parceria com outras organizações na realização de pesquisa nas áreas de educação e avaliação de projetos sociais.


Humor de sexta-feira


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