terça-feira, 10 de setembro de 2013

Que bandeira você deu

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O diretor brasileiro José Padilha (“Tropa de Elite”) tem nas mãos uma arriscada missão. Refazer o clássico “Robocop”, em tempos do cinema inundado por super-heróis (algo que ele nem é).

A MGM e Sony revelaram o primeiro trailer do filme, que destaque os aspectos sociais e políticos da história. Com Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton e Abbie Cornish no elenco, a estreia está prevista para 7 de fevereiro de 2014.


É um bom trailer, claro, mas ainda não me faz deixar de perguntar “Qual a necessidade disso?”. Veremos.

Fonte: B9



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Carlos Merigo especialista de fotografia do B9 sempre afirmou por aí o quanto gosta da série “Off Book” da PBS e blábláblá. Um dos últimos vídeos do projeto fala sobre a fotografia de retrato, e a relação dinâmica entre o fotógrafo e o personagem.

A captura da imagem humana é mais profunda do que parece. Os grandes profissionais conseguem comunicar ideias, criar empatia e significado, deixando de clicar uma “mera foto”, para fazer arte.

Eu poderia citar inúmeros casos célebres, com fotógrafos famosos e retratos de personalidades. 

Mas o sensacional ensaio com moradores de rua do inglês Lee Jeffries exemplifica muito bem. Fotos tocantes e poderosas.


E claro, dê o play no mini-documentário abaixo. Em inglês, sem legendas.



Se você acompanha o noticiário internacional, sabe que a vida não anda muito fácil na Rússia, especialmente para quem fala o que pensa. 

No caso específico do Znak, a preocupação maior é com a liberdade de expressão, já que sua própria editora, Aksana Panova, foi presa e julgada pelo crime de “dizer a verdade’. 

Foi aí que surgiu a ideia de colocar pessoas comuns no lugar da jornalista.
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Sempre que alguém publica uma foto muito legal e com belas cores em uma rede social, mas quer deixar claro que a imagem não foi editada com os diversos filtros disponíveis por aí, faz questão de usar a hashtag #nofilter. Mas, segundo a Ray-Ban, “os mais novos filtros das plataformas de compartilhamento de fotos de fato não são filtros”.

Juntando todas essas peças, a DDB Bruxelas pensou no conceito #nofilterjustrayban e simplesmente substituiu as janelas de trams (para quem não conhece, um tipo de veículo leve sobre trilhos) por lentes polarizadas coloridas da marca, do azul celeste ao pink.

Durante o Ray-Ban Test-Drive Trams, realizado nas cidades belgas de Ghent, Bruxelas e Antuérpia, os passageiros têm a oportunidade de fotografar através das lentes coloridas da marca e compartilhar suas experiências em redes sociais, utilizando a hashtag promocional. As imagens podem ser conferidas no hotsite da ação.

O conceito é bem interessante e a agência soube usar o transporte público de uma maneira criativa, oferecendo uma experiência marcante para os passageiros e criando engajamento com a marca. Se você vai passar por alguma destas cidades – ou tem algum amigo que vai – vale dar uma olhada nas linhas em que os Ray-Ban Test-Drive Trams estão operando.


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Dia desses, lembrei-me de um fato que ocorreu durante uma viagem de carro a trabalho. Ao passar por um comerciante de beira de estrada que vendia cuias de chimarrão, peles e outros apetrechos campeiros, uma das passageiras murmurou num tom confessional: “Por mim, a minha casa seria cheia desses objetos. Sei que não é bonito, mas eu gosto. Não compro porque tenho vergonha, é muito brega”. Fiquei triste com o desconforto dela em assumir sua sensibilidade estética com tanta reticência, como se fosse errado gostar daquilo que não está na moda. A moça vivia num dilema entre parecer hype e assumir o que a emocionava.

O mundo está cheio de casos assim: pessoas que têm vergonha de admitir que vão às lágrimas ao som de Bruno e Marrone; que não contam para ninguém que adorariam ter um tapete com o brasão do seu time bem no meio da sala em vez daqueles desenhos estranhos que não lhe dizem nada; que adoram cadeiras de espaldar alto laqueadas na cor vinho em tons degradê; que não admitem nem sob tortura seu amor por bibelôs comprados no R$ 1,99. Confesso: tudo que descrevi acima é horrível para mim, de doer os olhos. Mas o que importa a minha opinião se não serei eu a morar na casa, a escutar a música, a olhar esses objetos todo dia? Às favas com o gosto alheio! Cada um tem o direito de construir seu próprio ninho como melhor lhe convém.

E, afinal, o que é belo? O que é feio? As perguntas já torturavam filósofos desde a Grécia antiga, e a discussão permanece inacabada. A atenção sobre o belo sempre foi tão presente na história do pensamento humano que a palavra cosmos, usada para designar o universo, significa exatamento isso: belo (é daí também que vem a palavra cosmética).

Depois de muito pensar, os gregos chegaram ao consenso de que há três espécies de beleza: a estética (relacionada à forma física das coisas), a moral (relacionada ao estado da alma) e a espiritual ou intelectual (relacionada ao conhecimento). Há debates sem fim sobre o assunto em livros dedicados ao tema, alguns muito difíceis de acompanhar (pelo menos para mim).

Para simplificar, vamos combinar que a beleza que estamos discutindo aqui é a estética, aquela percebida pelos nossos sentidos. A “Introdução à filosofia da arte”, de Benedito Nunes, define o belo como “o que agrada ver e ouvir”. Ele ainda acrescenta que o reconhecimento da beleza é uma espécie de visão interior que permite ao observador deliciar o espírito na experiência da fruição. Apesar de haver muitas definições completas e esclarecedoras, agrada-me muito a que apresenta o “Glosario del diseño” (Jorge Filippis): “beleza: propriedade das coisas que nos fazem amá-las, infundindo em nós deleite espiritual”.

Pois é. Voltemos à moça do primeiro parágrafo. Cuias, pelegos e afins não a deixam feliz? Não trazem conforto, boas sensações, paz de espírito? Não despertam amor no seu ser, não agradam os seus sentidos? Então, quem está autorizado a dizer que esses objetos não são belos?

O belo tem a ver com a percepção, que é aquilo que a gente faz com o que os nossos sentidos conseguem captar. As referências estéticas e culturais são uma verdadeira babel, o que emociona um é totalmente indiferente ao outro, o que é sublime para alguém pode ser insuportável para outrem. Como as pessoas são diferentes, com histórias e contextos distintos e, por conseguinte, gostos diversos, é praticamente impossível determinar objetivamente o que é belo e o que é feio.

Então por que deixar que gente esquisita, que você nem conhece, determine o que é feio e o que é bonito na sua vida? Por que sofrer para gostar “das coisas certas” se elas mudam junto com a moda, com o sucesso, com as convenções? Por que se acostumar a acatar sentimentos estranhos aos seus, que nada têm a ver com a sua história? Por que achar que a opinião de alguém que aparece na revista é mais importante que a sua?

Cada um é lindo do seu jeito e constrói o mundo ao seu redor da maneira como lhe emociona, lhe comove, lhe encanta. Coragem, vai lá, tira o pinguim da gaveta e põe em cima da geladeira. Inclusive, ouvi dizer que agora é chique…

*Ligia Fascioni é engenheira eletricista que, após 11 anos programando robôs, caiu de amores pelo design. Tem um site dedicado ao estudo da identidade corporativa (www.ligiafascioni.com) e escreve semanalmente no Acontecendo Aqui, especializado em comunicação e marketing. Também é titular do blog DNA Corporativo no portal da revista Amanhã Economia e Negócios.
Atua profissionalmente como consultora e palestrante, além de ministrar aulas em cursos de graduação e pós-graduação em Marketing e Design. Publicou “Quem sua empresa pensa que é?” (2006, Ed. Ciência Moderna) , “O design do designer” (2007, Ed. Ciência Moderna), “Atitude profissional: dicas para quem está começando” (2009, Ed. Ciência Moderna) e “DNA Empresarial: identidade corporativa como referência estratégica” (2010, Ed. Ciência Integrare), entre outros livros.





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